Assim como no blog Fortaleza Nobre, vou focar no resgate do passado do nosso Ceará.
Agora, não será só Fortaleza, mas todas as cidades do nosso estado serão visitadas! Embarque você também, vamos viajar rumo ao passado!

O nome Ceará significa, literalmente, canto da Jandaia. Segundo o escritor José de Alencar, Ceará é nome composto de cemo - cantar forte, clamar, e ara - pequena arara ou periquito (em língua indígena). Há também teorias de que o nome do estado derivaria de Siriará, referência aos caranguejos do litoral.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Médico Importado

Jovenildo grelou os olhos e esticou os ouvidos. Premiu com força a tecla de aumento de som do controle do televisor. Zefinha, sua mulher, cochilante, meteu dos pés e gritou irritada: “que zuada é essa home de Deus?”.

“Mulhé! O Brasil arrivirou. O gunverno vai trazê médico das estranja pru sertão! Vai dá pelos peito dum peba gordo!”.

Dia amanheceu com Jove na porta da casa do mais esclarecido cidadão do povoado. Professor Felisberto.

O mestre disse conhecer a notícia. Programa Mais Médicos. Em pausado linguajar explicou detalhes ao agricultor.

A solução não era simples. Ali, naquele grotão, não havia posto de saúde, aparelhamento, enfermeira, atendente, auxiliares, medicamentos, nem outras exigências mínimas para o objetivado.

De que serviria a presença de um profissional da medicina? Mesmo que os tais doutores, originários de países vários, falassem a língua praticada em nossa Pátria, nos compreendessem e fossem compreendidos, entenderiam os regionalismos? Precisariam de intérpretes? Inclusive, com conhecimentos folclóricos ou populares?

Complementou citando consulentes queixosos de “amarelão, amojamento, antoje, arroto choco, azedume, berruga, deitar lombriga, coceira entre o ventoso e o penoso, comichão, curuba, dor do comprido que desce pro redondo, espinhela caída, formigado, friviação ardida no mucumbu, nó na tripa, pilôra, coceira na tripa gaiteira, tremelique, vento preso e centenas de outros termos do Dicionário de Medicina Popular, de João Conrado e Olimar Filho.


No dizer do velho e sempre replicado refrão de Colorau, lá dos Inhamuns, “Tá muito difícil, tá muito difícil!”.


Geraldo Duarte
 (Advogado, administrador e dicionarista)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Dr. Godofredo Maciel



Advogado e político cearense.Intendente de Fortaleza nos governos;Justiniano de Serpa (1920), e Moreira da Rocha (12 de julho de 1924 a 12 de julho de 1928).
Nasceu em Baturité a 08 de setembro de 1883.
Filho do Cel. Raymundo Maciel e D. Emília Barbosa Maciel.
Estudou no Gymnásio Cearense,(continuidade de estudos feito no Seminário de Fortaleza),a época dirigido pelo afamado professor Anacleto de Queiroz. Depois de cursar o secundário no Lyceu do Ceará, matricula-se na Faculdade de Direito do Ceará. Nesse ínterim consegue excelente desempenho intelectual; redator da 'Reforma',sócio-efetivo do 'Centro Literário' e colaborador da Revista 'Praça do Ferreira'. Foi ainda redator do 'Unitário' e colaborador do 'Jornal do Ceará', dirigidos por Cel. João Brígido e Waldemiro Cavalcante. Depois de ter feito o primeiro ano do curso de direito na faculdade do "dono do Ceará" (Pinto Accióly),segue para o Rio, então capital federal, onde em 1908 torna-se bacharéu em sciências jurídicas e sociais pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Orador eloquente e tribuno nato,é convidado a representar a turma de bacharelandos a primeiro de janeiro de 1909, na solenidade de colação de grau. Permanece no Rio até 1910 ao tempo em que advoga ao lado de Cândido de Oliveira. Nesse ano o Presidente Hermes da Fonseca nomeia-o intendente do Alto Purus. Aliás há um fato interessante na História do Brasil com respeito aos bacharelandos e bacharéis em direito e o sistema político, pelo menos até 1930, quando foi criada a OAB. A primeira geração de advogados brasileiros formou-se em Portugal,e foi responsável pela elaboração da primeira Constituição do recém formado estado do Brasil,a de 1824. Segundo Joaquim Nabuco "as faculdades de direito eram ante-salas da câmara", porque forneciam quadros para a organização política do país. Estabeleceu-se um cursus honorum; o jovem bacharelando/bacharéu era nomeado promotor de justiça/juiz substituto/juiz de direito e cargos assemelhados. Em seguida à deputado das assembléias provinciais e a assembléia geral, mais tarde à presidente da província. Depois da independência do Brasil? (07 de setembro de 1822),foram criadas as faculdades de direito de Recife e São Paulo. Pois não existe país sem lei, e as leis até então eram portuguesas.(FIGUEIREDO, Luciano.Nossa História. Ano I-nº6,abril de 2004-Editora Fundação Biblioteca Nacional, pág.85, párs.1 ao 9). Se os historiadores costumam dividir a História do Brasil-República Velha (1889 a 1930),em dois períodos: República da Espada e República das oligarquias, mas bem que esse segundo período poderia ser a 'República dos Bacharéis'.(O autor).

Importantes praças faziam parte do bucólico cenário urbano da Cidade de Fortaleza de 1928,com seus absurdos cerca de 80.000 habitantes: Praça do Ferreira,onde desembocavam as grandes artérias comerciais da capital e de onde partiam as linhas de bondes, praça em parte embelezada pelo governo municipal em questão. Praça Castro Carreira (Estação), Praça Gal.Tibúrcio em frente ao então Palácio do governo (Palácio da Luz), hoje sede da Academia Cearense de Letras. E o famoso Passeio Público,o mais belo logradouro da cidade e célebre por ter sido o local onde foram executados quando da Revolução do Equador-1825, os 'republicanos': Francisco Miguel Pereira Ibiapina/Luis Ignácio de Azevedo Bolão e Feliciano José da Silva Carapinima. A cidade, segundo o historiador Dr.Guilherme Studart - Barão de Studart "aformosou-se a olhos vistos; com o abandono dos antigos estylos de edificação e o seu movimento se accentúa dia-a-dia,sendo o número de seus automóveis de mais de 300". A bucólica Cidade de Fortaleza nos idos do segundo governo Godofredo Maciel, nos é motivo de orgulho e admiração. Objeto de estudo para: pesquisadores, historiadores e memorialistas. Base formada para que hoje a capital dos cearenses viesse a ser a quinta maior do país.Como homenagem ao trabalho prestado ao povo fortalezense, hoje leva o nome de importante logradouro público da capital a do nobre advogado - Dr.Godofredo Maciel. Bibliografia - SAVASTANO, N.Terra Cearense, pág.110,párs 1-45.

Foi respeitado a nomenclatura textual da época. 

Foto e Texto: Santana Júnior