Assim como no blog Fortaleza Nobre, vou focar no resgate do passado do nosso Ceará.
Agora, não será só Fortaleza, mas todas as cidades do nosso estado serão visitadas! Embarque você também, vamos viajar rumo ao passado!

O nome Ceará significa, literalmente, canto da Jandaia. Segundo o escritor José de Alencar, Ceará é nome composto de cemo - cantar forte, clamar, e ara - pequena arara ou periquito (em língua indígena). Há também teorias de que o nome do estado derivaria de Siriará, referência aos caranguejos do litoral.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Barbalha



Em 30 de agosto de 1838 é criado pela lei provincial n° 130 o Distrito de Barbalha, subordinado ao município do Crato. Em 17 de agosto de 1846, data de sua emancipação política, o então distrito é desmembrado do Crato e elevado à condição de vila com a denominação de Barbalha, pela lei provincial nº 374.

Em 30 de agosto de 1876 foi elevada à categoria de cidade pela lei nº 1740. Contava apenas com o distrito sede (Barbalha).

Pelo ato estadual de 15 de setembro de 1904, é criado o distrito de Cajazeiras e anexado ao município de Barbalha. Tal distrito recebe nova denominação em 30 de Dezembro de 1943 pelo decreto-lei estadual nº 1.114, passando a denominar-se Arajara. Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950, o município é constituído de dois distritos: Barbalha(sede) e Arajara, permanecendo desta maneira até 1991.

Em 23 de abril de 1991, é criado pela lei municipal nº 1.147 o Distrito de Estrela. Este é anexado ao município de Barbalha e em divisão territorial datada de 1º de junho de 1995, o município é constituído de 3 distritos: Barbalha (sede), Arajara e Estrela, permanecendo assim até o ano de 2005.

Pela lei municipal nº 1.499, de 28 de fevereiro de 2002, é criado o distrito de Caldas dentro município de Barbalha. Em divisão territorial datada de 2007, o município é constituído de quatro distritos: Barbalha (sede), Arajara, Caldas e Estrela.

Na Sede, os principais bairros são: Centro, Bairro do Rosário, Bairro de Fátima, Cirolândia (nome dado em homenagem a Ciro Gomes), Populares, Malvinas, dentre outros. No Distrito Estrela, há alguns sítios: Lagoa, Sítio Estrela, Novo Horizonte, Venha-Ver, Bulandeira etc.




As terras localizadas às margens do Riacho Salamanca, eram habitadas pelos índios Kariri, antes da chegada das Entradas no interior brasileiro durante o século XVII.

Os integrantes das entradas, militares e religiosos, mantiveram os primeiros contatos com os nativos, estudaram todas as regiões dos Cariri, catequizaram os indígenas e os agruparam em aldeamentos ou missões. Este contato entre exploradores e nativos repercutiu profundamente na formação cultural do lugar, principalmente no que tange à difusão de "entes do imaginário popular", tais como "papafigo, pai-da-mata, rasga-mortalha, almas do outro mundo, lobisomem, o diabo, entre outros".

Os resultados destes contatos e descobrimentos desencadearam notícias que na região existiria ouro em abundância e em seguida desencadeou-se uma verdadeira corrida para os sertões brasileiros, onde famílias oriundas de Portugal, sonhando com as riquezas de terras inexploradas e com a esperança de encontrar o minério, que as levariam a aumentar o seu patrimônio material, além de aumentar o seu prestigio pessoal com a corte portuguesa.

A busca do metal precioso, nas ribanceiras do Rio Salgado, trouxe para a região do Sertão do Cariri, a colonização e com consequência a doação de sesmarias, o que permitiu o surgimento de lugarejos e vilas. Deste contexto surge Barbalha, um núcleo urbano que cresce ao redor da capela de Santo Antônio fundada nas terras de Francisco Magalhães Barreto e Sá, que era descendente de Mem de Sá, terceiro Governador-Geral do Brasil.

Em 1926, passaram pela cidade Lampião e seu bando, que estavam a caminho de Juazeiro do Norte para integrar o Batalhão Patriótico. Por esta ocasião conversou com líderes locais e jornalistas.

Há registros de que a cidade, ainda em seu estágio embrionário, sofreu um saque empreitado por um grupo composto por, aproximadamente, 2000 jagunços, os quais pilharam os valores que encontraram, e atearam fogo em milhares de contos de réis, causando um impacto na economia local e impedindo o crescimento do lugarzinho, que desfrutava de relativa prosperidade. Houve, ainda, um segundo saque, mas bem depois do primeiro. Desta vez, o fato se deu quando da modificação do traçado da Rede de Viação Cearense (RVC). Todavia, em 1950, a ferrovia, enfim chegou, junto com a eletricidade, vinda de Paulo Afonso, em 1961. Assim, a cidade voltou a crescer.

Os padres salvatorianos tem destacada atuação no âmbito cultural e educacional da cidade, além do religioso. Por muitos anos dirigiram o Colégio Santo Antônio e coordenam os festejos de santo padroeiro no mês de junho. Dentre os religiosos dessa congregação estão Padre Agostinho Mascarenhas, Padre Mário, Padre Renato Simoneto, dentre outros. Padre Agostinho foi, além pároco, diretor do referido colégio, conselheiro e líder espiritual animando a vida religiosa quando convidou a Comunidade Católica Shalom para criar um núcleo em Barbalha. A julgar pela quantidade de referências presentes na cidade: Biblioteca Municipal Padre Agostinho, Rua Padre Agostinho Mascarenhas, Residencial Padre Agostinho, dentre outros, padre Agostinho deixou uma marca especial na cidade. O referido religioso está enterrado na Igreja Matriz de Santo Antônio.




O topônimo Barbalha é alusivo ao nome de uma moradora de um sítio da região cuja casa servia de albergue para tropeiros de gado que traziam os rebanhos de Pernambuco para passarem os períodos de estiagem na região da Chapada do Araripe. Por ser proprietária do principal ponto de apoio e hospedagem da região, tornou-se bastante conhecida por sua hospitalidade. Tal fato contribuiu para que a localidade herdasse seu nome.

A denominação original da cidade era Freguesia do Santo Antônio de Barbalha e desde 1838, Barbalha.

A uma latitude de 7° 18′ 18″ S e longitude de 39° 18′ 7″ W, está encravada aos pés da Chapada do Araripe e, junto com as cidades de Crato e Juazeiro do Norte, compõe o triangulo Crajubar na região do Vale do Cariri. Tem ao seu redor a FLONA (Floresta Nacional do Araripe). É, ainda, a terra natal do padre Monsenhor Murilo, do advogado Hermes Carleial e dos médicos Leão Sampaio, Mozart Cardoso de Alencar e Lyrio Callou, bem assim do geólogo e engenheiro Joaquim Francisco de Paula.




O comércio de Barbalha tem sua principal expressão na feira semanal que ocorre aos sábados, nas proximidades do Mercado Municipal, feira esta, onde se pode encontrar desde frutas e legumes, cereais e outros gêneros alimentícios até artigos em couro e vestimentas. Diversas barracas e camelôs se espraem pelas ruas, o que de forma colateral, gera grande quantidade de lixo.

Quanto ao comércio formal, podem ser citadas como principais pontos os seguintes locais: Rua do Vidéo, Rua Princesa Isabel, Rua Pero Coelho, Neroly Filgueira e Rua Cel. João Coelho (CE-060).




Tida como uma cidade dedicada à instrução dos seus cidadãos, Barbalha possui esta vocação desde tempos remotos.

A história educacional de Barbalha tem seu nascedouro em 1889, quando foi fundado o Gabinete de Leitura de Barbalha, sociedade filantrópica que visava oferecer educação de qualidade aos pobres. Foi responsável pelos estudos primários de muitos cearenses de renome.

Em 1903, houve a fundação do Colégio Leão XII, por iniciativa do Juiz de Comarca Manoel Soriano de Albuquerque, com padrões de ensino equiparadas às instituições das grandes cidades à época, no intuito de garantir a formação dos filhos dos grandes proprietários de terra. Este homem, a propósito, teve grande participação na formação da estrutura educacional de Barbalha, tanto que além do feito acima mencionado, também inaugurou o Colégio Coração de Maria, instituição dedicada à instrução para moças.

Com o intuito de erradicar o analfabetismo, foi fundada em 1917 a Liga Barbalhense Contra o Analfabetismo seguindo uma tendência social da época. A liga manteve, desde sua fundação, duas escolas que funcionaram até pouco tempo, cedendo suas aulas à rede pública de educação.

Por iniciativa do Governador Justiniano de Serpa foi criado em 1923 o Grupo Escolar de Barbalha, hoje EEM Senador Martiniano de Alencar.




Em 1945 foi fundado o Centro de Melhoramentos de Barbalha, entidade beneficente, não governamental, com o ideal de pleitear melhorias para a cidade. Sentindo a necessidade da existência de instituições particulares que cuidassem da educação moral e científica da juventude barbalhense, foram fundados os colégios Nossa Senhora de Fátima e o Ginásio Santo Antônio. Providenciais são as palavras de Antônio Lyrio Callou sobre o Centro de Melhoramentos de Barbalha:

Ressente-se a nossa terra da falta de tudo isto, e uma das grandes lacunas é a ausência de um estabelecimento de ensino secundário, onde eficientemente seja ministrado à nossa juventude o curso de humanidades. Dezenas e dezenas de estudantes de ambos os sexos frequentam cursos em várias cidades deste e de outros Estados, com dispêndio muitas vezes, oneroso a economia dos pais [...]

O Colégio Nossa Senhora de Fátima foi entregue à direção das madres Beneditinas e se prestava à educação feminina. Contava com um internato e recebia alunas de várias cidades da região, bem como de outros estados. O Ginásio Santo Antônio, dirigido pelos padres Salvatorianos, educava o juventude do sexo masculino e também recebia alunos de várias cidades e estados vizinhos. Com o passar dos anos, o regime de internato nas duas instituições foi extinto, tornando-se, ambas, escolas mistas. Em pleno funcionamento, são tidas como umas das mais tradicionais instituições de ensino particulares da região. Também pode-se mencionar o Colégio Lyrio Callou, originalmente Centro Educacional Lyrio Callou, nascido a partir do Gabinete de Leitura, já mencionado. Passou a ter o nome que hoje ostenta em 15 de abril de 1975.

A rede pública de educação é extensa e conta com várias escolas de educação infantil e fundamental na sede do município, distritos e localidades, além das escolas estaduais de nível médio. A cidade conta, ainda, com escolas técnicas de educação profissional, com destaque para o Liceu de Barbalha que oferece vários cursos técnicos, dentre eles: técnico em enfermagem e informática.




Por conta de sua vocação para as ciências da saúde e por ser cidade polo na prestação de serviços nesta área a cidade abriga, desde 2001, o curso de medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) na região do Cariri. Houve grande pressão de grupos de alto escalão do Governo do Estado, no sentido de levar o curso para o Município de Juazeiro do Norte, tendo em vista o número, à época, 3 vezes maior, de eleitores, mas com força, Barbalha conseguiu vencer a batalha.

A Escola de Artes Reitora Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau foi inaugurada no dia de 29 de novembro de 2008, e passou a funcionar regularmente no Casarão-Hotel. Esta instituição é vinculada à URCA. Todavia, a despeito de seus serviços prestados à sociedade barbalhense e sua enorme contribuição ao cenário cultural desta Cidade, sua sede foi transferida para Juazeiro do Norte em 2011, embora não sem resistência por parte da categoria jornalística barbalhense e de vários cidadãos que não queriam perder este verdadeiro patrimônio. São ofertados, ainda, cursos superiores à distância de duas instituições privadas de ensino.




Há, em Barbalha, Destacamento da Polícia Militar do Estado do Ceará, vinculado à 1ª CIA do 2º Batalhão de Polícia Militar-BPM (Quartel em Juazeiro do Norte) do Comando de Policiamento do Interior-CPI, bem como duas viaturas do Ronda do Quarteirão. Outrossim, existe Delegacia Municipal da Polícia Civil, vinculada à 20ª Região. A Cadeia Pública de Barbalha antes funcionava na Casa de Câmara e Cadeia (Palácio 3 de Outubro), prédio bastante antigo, cuja construção remonta à grande seca de 1877 e que desabou em 2004, em consequência do grande volume de chuvas. O Município permaneceu quatro anos sem cadeia pública, até que, em 2008 foi inaugurado novo prédio destinado a servir para o funcionamento daquela. Não há posto do Corpo de Bombeiros.


Rua do Vidéo

Na rua do Vidéo, encontra-se academia de musculação, loja de móveis, mercadinho, lojas de roupas, restaurantes e lanchonetes, sendo que devido a estes dois últimos, apresenta grande movimentos aos sábados à noite, já que se pode encontrar música ao vivo e diversão após a semana de trabalho.

Rua Princesa Isabel

É uma Rua bastante valorizada do ponto de vista comercial, já que, embora apresente diversos estabelecimentos, tais como supermercado, mercadinhos, agência do Banco do Brasil, Hospital, lojas de roupas e artigos diversos, fica próxima do local onde se dá a feira semanal, o que incrementa ainda mais o movimento, além do que fica próxima ao terminal rodoviário e abriga o Paço da Prefeitura.




Por situar-se na encosta da Chapada do Araripe, a cidade conta com uma vasta área de floresta nativa repleta de fontes de água mineral e trilhas ecológicas. Além da área de proteção ambiental da Chapada do Araripe, reservas ecológicas particulares são encontradas em todo o pé da serra na cidade conferindo proteção e preservação ao importante ecossistema da flora e fauna regional, inclusive para espécies ameaçadas de extinção.

  • Parque ecológico do Riacho do Meio: Abriga um sítio ecológico do Geopark Araripe onde se encontram fontes e bicas de água mineral e trilhas demarcadas para visitação. Não é necessária autorização prévia para a visitação do local, mas se indica companhia de guia turístico, a despeito da sinalização nas trilhas ser boa, suficiente e estar em bom estado de conservação.

  • Balneário do Caldas: Situado no distrito de Caldas a mais de 700 metros de altitude, é um local de lazer com piscinas, cascatas, restaurantes e quadras esportivas. A Estância hidromineral possui duas fontes naturais de águas termais. Chalés de veraneio e o Hotel das Fontes completam a estrutura do Balneário.

  • Arajara Park: Localizado no distrito de Arajara, o parque temático está a 920 metros acima do nível do mar. Piscinas, toboáguas e equipamentos de lazer além de restaurante e bares estão à disposição do turista e da população local. Conta, ainda, com uma reserva particular que possui trilha ecológica aberta à visitação. No passeio é possível observar o Soldadinho do Araripe, ave típica da região, em seu habitat natural. A trilha termina na Gruta do Farias, uma das principais fontes de água mineral da Chapada do Araripe. Foi inaugurado em 21 de abril de 2002 e licenciado pela SEMACE e IBAMA.



Quanto ao Arajara Park, houve vozes dissidentes quando na fase de construção, visto seu alto grau de impacto ambiental, causada pela drástica alteração no cenário natural da localidade e pelo fluxo de pessoas e veículos no local .

Todavia, segundo a administração do parque, em seu próprio site, a construção do empreendimento foi benéfica, tanto para as pessoas, como para o ambiente natural, já que, antes da obra, havia muitas roças no local, feitas sem as devidas técnicas de plantio e preservação, além de corte de lenha, caça e outros fatores. Ainda segundo tal informação, hoje há diversos projetos de preservação, principalmente da mata ciliar.

Barbalha se destaca na região por possuir um vasto e preservado sítio arquitetônico composto por diversos prédios públicos e particulares, o que atrai estudiosos e interessados no turismo histórico. Contando com cerca de 40 prédios, o casario do Centro Histórico de Barbalha se caracteriza pela arquitetura do período imperial com prédios construídos nos séculos XVIII e XIX.

O Centro Histórico de Barbalha se localiza no centro da cidade, numa área que compreende aproximadamente 20 ruas. Seus limites vão desde o entorno do largo do rosário até o largo do Colégio Nossa senhora de Fátima e da Rua do Vidéo à Praça Engenheiro Dória (Estação). Além das históricas Igreja Matriz de Santo Antônio e Igreja de Nossa Senhora do Rosário, prédios como o antigo Casarão Hotel e Palácio 3 de Outubro fazem parte da composição.

Segue tramitando no IPHAN o processo de inventário e tombamento do centro histórico de Barbalha, que, em 2012, recebeu investimentos do poder público, sendo lançada ordem de serviço para início das obras de revitalização. O Processo de restauração urbanística terá início com a padronização do calçamento em paralelepípedo rejuntado e seguirá com outras etapas posteriormente.


Fontes: Wikipédia, Página da prefeituraPágina da câmaraMapa de BarbalhaMapa de BarbalhaPágina do IBGEPágina do CearáPortal da CidadeEscola de Artes Reitora Violeta Arraes de Alencar GervaiseauFarmace e O Sertão Ontem.


Fotos: Recebi do amigo Agnello Bernardo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Acaraú - Terra da lagosta


Vista parcial da cidade de Acaraú em 1948.

Vista panorâmica da cidade -->

Acaraú está localizado próximo à foz do rio Acaraú e a a 255 km de Fortaleza, com acesso pela rodovias: CE-085, BR-222, CE-354 e pelas BR 402 e 403.
A cidade é a maior produtora de lagosta do Brasil.

Grupo Escolar Pe. Antonio Tomaz na déc. de 50

Construção do Mercado Público de Acaraú.

Foto de 1948

Ao lado vemos a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição na década de 50.

A origem do topônimo "Acaraú" é indígena e existe pelo menos duas hipóteses sobre seu sentido:
Primeiro, que seria resultado da fusão de acará (garça) e hu (água), significando, portanto, "rio das garças" (Paulinho Nogueira);
o topônimo "Acaraú" é de origem tupi, sendo resultado da fusão deakará (cará) e 'y (rio), significando, portanto, "rio dos carás" 
A história de ocupação do território do delta do rio Acaraú pelos índios tremembés começou antes da chegada dos portugueses à região, no século XVI.

Vista parcial da cidade de Acaraú em 1948

Os portugueses fizeram um reconhecimento completo da região, bem como a usaram como base de apoio para a ocupação do litoral e como base de apoio para confrontos militares com os franceses, que ocupavam o Maranhão. Deste momento histórico existem várias cartas topográficas datadas dos séculos XVII.

Praça Padre Antônio Tomás em 1948

Praça Coronel Francisco Louzada

Praça Coronel José Filomeno

Em 1608, instala-se e fixa-se o primeiro povoamento português desta região que foi a "Aldeia do Cajueiro" (hoje Almofala), um aldeamento de índios criados por iniciativa dos Jesuítas. Já o início do povoamento e a implementação econômica às margens do Rio Acaraú pelos portugueses aconteceu com a chegada de fugitivos das guerras com os holandeses oriundos de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte no século XVII; através das entradas dos Sertões de Fora; com a instalação da pecuária e a produção do charque na capitania do Ceará,no século XVIII.

Porto de Acaraú em 1948

Parque infantil

O primitivo núcleo da Barra do Acaracu serviu de ancoradouro a pequenas embarcações e, depois, passou a chamar-se Porto dos Barcos de Acaracu. É o marco inicial do que, mais tarde, viria a ser a cidade de Acaraú. Antes do povoado da Barra do Acaracu, alguns quilômetros ao norte e também à margem direita do rio, que ficou conhecido como Presídio.

Posto de saúde de Acaraú

Escola Normal Virgem Poderosa em 1984

No século XVIII, em 22 de setembro de 1799, o povoado foi elevado à categoria de distrito de Acaracu da vila de Sobral. Já sua elevação à categoria de vila do Acaracu, com o distrito já desmembrado da jurisdição de Sobral, ocorreu segundo Lei 480, de 31 de julho de 1849, tendo sido instalada a 5 de fevereiro de 1851. A fundação do município de Acaraú data de 31 de julho de 18496 . O título de município, já com a denominação atual de Acaraú, ocorreu segundo Lei 2 019, de 19 de setembro de 1882.

A freguesia foi criada pelo decreto geral de 5 de setembro de 1832, com a transferência para a povoação da Barra do Acaraú da freguesia da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Almofala, antiga missão dos índios tremembés.
Unidade de saúde da Fundação Sesp em 1984

Prefeitura Municipal de Acaraú em 1984.

O município tem 4 distritos: Aranaú, Juritianha, Lagoa do Carneiro e Santa Fé. As localidades mais conhecidas são: Castelhano, Medeiros, Carrapateiras, Lagoa da Volta, Morgado, Cauassu, Curral Velho, Macajuba, Cajueiro do Boi, Celsolândia, Córrego das Varas, Ilha do Rato, Córrego de Ana Veríssimo, Almécegas, Córrego da Rola (Córrego da Esperança), Cachorro Seco, Mirindiba, Barrinha, Coroa Grande, Arpoeiras, Volta do Rio, Farol, Guajiru, Espraiado, Sítio Alegre e Ilha dos Coqueiros.



Crédito: Wikipédia e fotos do acervo IBGE

terça-feira, 30 de junho de 2015

Sobral - 242 anos de muita história!




A antiga rua Campelo, hoje leva o nome de Ernesto Deocleciano. Foto do blog Catafau


"Criado com a doação de 100 braças de terra da Fazenda Caiçara, propriedade do Capitão Antônio Rodrigues Magalhães e de sua esposa Quitéria Marques de Jesus (registro em cartório datado de 06 de dezembro de 1756), o município de Sobral teve sua elevação à cidade em 12 de janeiro de 1841 e à Vila Distinta e Real de Sobral,em 05 de julho de 1773,portanto a exatos 242 anos.Tem em todo esse tempo sua história respaldada no dinamismo de seu povo,famosos ou anônimos. Uma gente inquieta, que conseguira fazer desse torrão uma das mais importantes cidades do Nordeste. E no momento em que a cidade para pra comemorar seu aniversário,nada mais justo do que rememorar a trajetória de um de seus construtores: Ernesto Deocleciano de Albuquerque.
 

Ernesto Deocleciano nasceu em Aracati em 20 de março de 1841. Filho de Deocleciano Albuquerque Melo e Cândida de Saboia Albuquerque Melo. Fora trazido da 'terra de Paula Ney' aos 14 anos pelo tio, o Cel. José Saboia, que viria a ser seu sogro. Casou em 28 de janeiro de 1865 com Francisca Saboia de Albuquerque com quem teve 8 filhos. Na política, foi presidente da Câmara Municipal de Sobral, vice-presidente do Estado do Ceará,1895-1900. Ainda no primeiro governo Pinto Accióly, foi chefe político do Partido Conservador, continuando depois no governo Pedro Borges.
 

Fábrica de Tecidos Ernesto & Ribeiro - Começou a comercializar em casa, na antiga Praça do Mercado, depois denominada de Coluna da Hora e hoje leva o nome de um de seus filhos: Praça Dr.José Saboya

Antiga Praça da Coluna da Hora, hoje Praça Dr. José Saboya

Com uma veia comercial invejável, conseguiu prosperar rapidamente e em julho de 1895 inaugura a Fábrica de Tecidos Ernesto & Ribeiro, sociedade de Ernesto Deocleciano com o industrial maranhense Cândido Ribeiro, que depois de dissolvida a sociedade (as ações pertencentes a Cândido Ribeiro foram compradas por seu filho, Dr. Vicente Saboia),passa a chamar-se Fábrica de Tecidos Sobral

Estrada de Ferro de Sobral - A inauguração da Estação da Estrada de Ferro de Sobral em 31 de dezembro de 1882, marcou uma nova página na história política e econômica da 'Geórgia do Ceará'. Com a concessão pertencendo ao Industrial Ernesto Deocleciano de Albuquerque com a firma Albuquerque Saboia & Cia, num contrato com o governo imperial por 60 anos.
O interessante é que o Cel. Ernesto Deocleciano dera como garantia para o fechamento do contrato de exploração, 50 contos de réis em apólices da dívida pública, onde figurou durante muito tempo no final do século XIX como maior detentor desses papéis na Província, depois Estado do Ceará. 


Homenagem do Povo Sobralense - Como empresário de visão, fundou em Camocim a Firma Albuquerque & Cia, agência de companhias de navegação. Ainda era sócio da Firmas Saboia Albuquerque & Cia, de Natal - RN, concessionária da Estrada de Ferro de Mossoró. No Rio, então capital federal, era componente da Firma Humberto Saboia & Cia com os filhos: Humberto Saboia de Albuquerque e Dr. Vicente Saboia, sito a rua Buenos Aires nº50. Com um inventário tido como um dos maiores já vistos em toda a História de Sobral, o caixeiro que saiu de Aracati aos 14 anos e fez fortuna em Sobral, tem como gratidão do povo sobralense, seu nome perpetuado em importante logradouro público no Centro de Sobral, a rua Ernesto Deocleciano, antiga rua Campelo.
Faleceu aos 81 anos em 23 de novembro de 1922, e era tamanho o respeito que conquistara na cidade que todo o comércio cerrou as portas."

Texto: Santana Júnior


Bibliografia - AMARAL, Alberto. Para a História de Sobral, Rio de Janeiro -1953. MAGALHÃES. Plínio Pompeu de Saboia. Centenário de Nascimento do Dr.José Saboya de Albuquerque, revista da ASEL - Academia Sopbralense de Estudos e Letras, Sobral - agosto de 1971.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Babi e Cléo



"Há dezoito anos, minha mulher e eu moramos de favor. Hóspedes de Babi e de Cléo, assumidas donas da residência.

Babi, sergipana, estrábica, educada, recatada e pouco afeita às visitas. Desde 1998 convivíamos.

Cléo, cearense, vive a contar de 1999. Temperamento diverso daquela, atirada, de interação fácil com conhecidos e estranhos, além de reclamante.

Tais diferenças comportamentais confirmam o princípio que energias contrárias atraem-se. Sempre unidas. Poucas e passageiras rusgas. Completavam-se na domesticidade.

Nós quatro, diuturnamente, estávamos juntos e interagindo.

Acometida de falência múltipla de órgãos, hospitalizada, Babi faleceu mês passado, no dia 20 e fez-se ao Oriente Eterno das Inteligências Animais. Viveu 88 anos e 2 meses, pois um ano do ser humano equivale a 4,9 de um felídeo.

Estamos em momentos de forte saudade. Por todos os lugares a enxergamos. Presente no gabinete ao lado do computador. No braço da poltrona, acompanhando as leituras dos jornais e livros e, até, durante as feituras destes artiguetes. Recebendo-me nas chegadas, seguia-me pelo apartamento. Mais parecia canino que felino.

Hoje, Cléo soma 83 anos e 3 meses. Adoeceu. Passou uma semana sem comer ou beber. Internou-se. Com injeção de soro e medicamentos convalesce em casa. E não para de procurar Babi nos variados cantos que ela, quase exclusivamente, usava.

Maria do Livramento, nossa secretária do lar, amante e criadora de bichanos, para quem Babi e Cléo “não falam para não dar recados”, ficou muito sentida e, agora, redobra atenções a “Quequéo”.

Grato por sua inesquecível e feliz companhia estimada “Babita”!"


Geraldo Duarte
(Advogado, administrador e dicionarista)

terça-feira, 3 de março de 2015

Academias e povo


1922. Reorganização da Academia Cearense de Letras, no Palacete Ceara (Clube Iracema)

24 de dezembro de 1779. Fundação da Academia das Ciências de Lisboa.

Passados 115 anos, o Ceará inspira-se e, em 15 de agosto de 1894, institui a Academia Cearense de Letras, primazia no Brasil de entidade maior da cultura literária.

18 de outubro de 2013. Fortaleza instala nova arcádia. Academia Cearense de Administração (ACAD), visando desenvolver o conhecimento técnico-científico e difundir a Ciência da Administração.

Dentre os projetos em fase de elaboração, dedica-se um à interação com as congêneres e com o povo, para tornar a erudição de sua especificidade acessível e ao alcance popular, inclusive encetando ações de interesse sócio-comunitárias.

Iniciante no mundo acadêmico, busca conhecer, oficialmente, o quantitativo, denominações, localizações e demais informações de símiles, pretendendo o relacionamento e somatório de esforços comuns, que parece inexistir.

De forma relativamente confiável, por informes, contamos no Estado 27 agremiações. Número irresoluto, cremos.
Pretendemos encontros reunindo academias, realizações de eventos públicos, trabalhos culturais junto a escolas, associações e organismos governamentais, certames tecnológicos, literários e artísticos, além de outros empreendimentos gerados por decorrência.

Possível, talvez, a constituição de organização congregante capitaneada pela tradicional Academia Cearense de Letras.

Somos defensor de que a democratização acadêmica, pela troca de experiências com a população, atende o dístico secular da mater lisboeta: Nise utile est quod facimus, stulta est gloria. ou, Se não for útil o que fizermos, a glória será vã.




Geraldo Duarte
(Advogado,administrador e dicionarista)