Assim como no blog Fortaleza Nobre, vou focar no resgate do passado do nosso Ceará.
Agora, não será só Fortaleza, mas todas as cidades do nosso estado serão visitadas! Embarque você também, vamos viajar rumo ao passado!

O nome Ceará significa, literalmente, canto da Jandaia. Segundo o escritor José de Alencar, Ceará é nome composto de cemo - cantar forte, clamar, e ara - pequena arara ou periquito (em língua indígena). Há também teorias de que o nome do estado derivaria de Siriará, referência aos caranguejos do litoral.

sábado, 1 de outubro de 2011

Nonato Albuquerque - O rei da comunicação




Hoje falarei um pouco sobre esse profissional competentíssimo, de quem sou admiradora.
Além de brilhante jornalista, escritor, blogueiro, radialista e contador (porq não?) de "causos", ele é um ser humano digno de aplausos e admirado por todos!!!


Arquivo Blog Gente de Mídia


Raimundo Nonato Bezerra de Albuquerque nasceu em 2 de janeiro de 1950, em Acopiara, na região Centro-Sul do Ceará. Apresenta o programa Grande Jornal, na rádio O POVO/CBN. É também apresentador do Barra Pesada, na TV Jangadeiro. Tem vários blogs. Dentre eles, o Gente de Mídia


A partir da esquerda: Hélio Malveira, Carlos José, Angélica (hoje apresentadora da TV Globo, casada com Luciano Huck), Nonato Albuquerque (nome de destaque na imprensa cearense) e Eli Maradona no estúdio da AM DO POVO (hoje Povo-CBN). Era a primeira visita da apresentadora Angélica ao Ceará para divulgar o disco "Vou de táxi". - Diário do Nordeste

Nonato começou a trabalhar ainda cedo, como office boy, na Coletoria Estadual de Iguatu. Quando chegou à cidade a Rádio Iracema de Iguatu, ele se encantou. Saía do recreio para ir ver como era trabalhar em rádio. Aos 13 anos, foi chamado para estagiar lá. Em 1967, foi estudar em Fortaleza e começou a atuar nas rádios da Capital. Trabalhou na rádio Iracema, na FM 93, na rádio Dragão do Mar, na FM do Povo (atual rádio Mix) até chegar à AM do Povo.

Com o amigo Paulo Oliveira - Arquivo Blog Gente de mídia


Nonato é jornalista formado pela Universidade Federal do Ceará. Como radialista, atua na AM do Povo -CBN e apresenta diariamente o Barra Pesada na TV Jangadeiro. Sempre atualizado e em busca de um contato mais próximo com seu público, Nonato possui alguns blogs, dentre eles, o GENTE DE MÍDIA, que foi inclusive selecionado entre os 10 melhores blogs de 2011 pela Deutsche Welle, o ANTENA PARANÓICA e o TUITEIROS DE PLANTÃO (muito divertido e que nos deixa por dentro do que anda acontecendo pelo Twitter).  Nonato já trabalhou na Rádio Iracema de Iguatu, Iracema de Fortaleza, FM do Povo (hoje FM Mix), FM 93, Dragão do Mar AM. Como se tudo isso não bastasse, ele também já atuou na mídia impressa, trabalhando no Jornal O POVO -Caderno Vida & Arte e no Diário do Nordeste -3º Caderno.



Uma curiosidade

Foi Nonato Albuquerque quem escreveu os primeiros textos para Tom Cavalcante entregar a Chico Anysio, como se fossem seus. rs Na época, eles eram colegas de locução da Rádio Verdes Mares.


Na rádio CBN com Saulo Gomes


A morte da rainha Elizabeth

Nonato conta que, quando estava na rádio em Iguatu, se confundiu com o que ouviu na Rádio Globo e anunciou a morte da rainha Elizabeth. “Era um gravador tão terrível, velho. Ouvi apenas que morreu alguém na Inglaterra, Elizabeth, decretados três dias de luto. Aí, anunciei. Telefone tocou, era o diretor da rádio. ‘Ei, quem foi que teve essa loucura de matar a rainha Elizabeth? Eu tava assistindo agora à Globo. Quem morreu foi uma parenta da rainha Elizabeth e foram decretados três dias de luto.’” E Nonato respondeu: “Era um rapazinho que estava estagiando aqui, mas ele já foi embora”. (risos)


Na rádio CBN com Saulo Gomes


Um cearense de valor: Nonato Albuquerque em entrevista ao Jornal O Povo




A relevância do trabalho do Radialista e Apresentador Nonato Albuquerque, sua ética, sua coerência e senso crítico faz dele um cearense de destaque. O homem das várias mídias, apaixonado pelo rádio, internet e pelo público. Acompanhe a entrevista emocionada desse grande nome da comunicação cearense ao Jornal O Povo.


No contato inicial, o comunicador quis evitar a conversa. Não achou que fazia par com as tantas boas histórias contadas nas Páginas Azuis. Seria demais para ele, argumentou. Um pouco mais de insistência e, um dia depois, Nonato Albuquerque parava algumas horas para nos descrever a infância em Acopiara, a adolescência em Iguatu, a chegada aos microfones de rádio, a presença na tela da televisão e a atuação nas redes sociais. Nonato diz-se um viciado em escrever, em ler, em trabalhar.


Faz parte de várias comunidades no mundo digital. Sem contar os blogs. Na televisão, apresenta o Barra Pesada, programa policial da TV Jangadeiro. E conta que aceitou a missão por uma causa espírita (ou espiritualista) – para pagar dívidas de vidas anteriores. Logo ele, que sempre pedia, nos jornais impressos pelos quais passou, para escapar da cobertura policial.


Mas é no rádio em que Nonato mais se satisfaz. A grande paixão. É a informação que chega sem arrodeios. É só abrir o microfone. A interatividade com o ouvinte é outra marca forte, positiva, cita ele. Gosta da reação e da receptividade que o público demonstra.


Durante a entrevista, Nonato chorou de se emocionar e chorou de rir. Narrou histórias e planejou desafios. Porque o Nonato não é apenas o jornalista de rádio, TV e jornal. Nem tão-somente o espírita que ministra palestras e aconselha despropositadamente. Nem só o amante de bossa nova ou o menino grande que aprendeu a jogar de PlayStation. O Nonato é um cidadão de sensibilidade.


O POVO – Apesar de atuar em outras mídias, o rádio é sua paixão?
Nonato Albuquerque – A grande paixão. O rádio é igual ao exercício de respirar. Eu faço e nem noto. Dá uma satisfação e é uma responsabilidade muito grande. Porque tudo o que se diz tem uma ressonância enorme. Atinge um grande público, mas está desvalorizado até pela categoria.


OP – As redes sociais estão substituindo?
Nonato – Acho que não. As redes sociais deram uma agilidade muito grande ao rádio. A internet veio favorecer. As redes sociais deram um incremento a ter mais informação atualizada da cidade. Hoje, eu me pontuo muito pelo Twitter ou Facebook.


OP – Mas é um público diferente.
Nonato – Porque tem mais jovens (nas redes sociais). A grande massa às vezes não conhece nem tem internet. Mas a internet veio solidificar no rádio a agilidade que esse veículo tem. É o mais ágil veículo. Acontece um sopro de tsunami no Japão e nós já sentimos a presença aqui pela velocidade dos meios de comunicação de hoje, das ferramentas que temos. E o rádio é o primeiro a dizer. Basta abrir o microfone. Não precisa “prepara, vai maquiar o apresentador, coloca set, vai começar, atenção pessoal”… não. É rapidinho até que você possa ter mais informações. Então, o rádio é bom por isso. E o rádio integra mais. Hoje em dia, a gente já acorda ligando o televisor para ver o noticiário do telejornal, mas o telejornal de manhã ainda é um refogado das notícias da noite. E o rádio já está recebendo telefonema de ouvintes que estão no dia a dia dizendo: “Olha, eu encontrei neste momento um grande congestionamento na BR-116. Avisa ao pessoal pra pegar outros caminhos”. E o rádio é fortalecido pela interatividade com o ouvinte. O celular nos deu uma oportunidade de colocar a facilidade. Antes, você precisava sair com uma mala de som pesada, enorme, e um gravador pras ruas.


OP – Como é que você lida com as redes sociais?
Nonato – Tenho Twitter, Facebook, MSN, LinkedIn. Sou um blogueiro por conta de vício, acho que é vício. Eu gosto. Me perguntaram: “Você ganha com seus blogs?”. Não, me dá prazer estar escrevendo. Eu tenho uma coisa incrível de ter que escrever. Falar e escrever, para mim, são as duas noções da minha presença na Terra nesta encarnação. E ler muito. Exagerado até.


OP – Mas, na internet, o público é mais jovem? Já conhecia você?
Nonato – É mais jovem. Muitos me descobrem na internet: “Você é o Nonato da rádio, da televisão? E você tem blog?” Um dia desses, eu fui para uma locadora de vídeos e peguei dois games de PlayStation 3.


OP – Você joga Playstation 3?
Nonato – Pronto. Foi o que a menina perguntou: “O senhor gosta disso?” É porque não tinha na minha infância. (risos) Não tinham descoberto ainda. E eu aproveito pra aprender antes de morrer. Ontem eu fiquei jogando baralho até 2 horas da manhã. É meio doido. É atualizando o blog, é jogando baralho, é olhando a televisão, é assistindo ao Jô Soares e é daqui a pouco preparando o livro para continuar a ler. Hoje, eu li na Folha de S.Paulo que informação demais prejudica os neurônios. Os meus já devem estar um pouco prejudicados (risos).


OP – E quem é o público da TV?
Nonato – O público de TV é a grande massa. O Barra Pesada é um programa que está mais entre o público B, D. Mas, na verdade, é o grande público que ainda é ávido pela informação que fala do mal do outro que satisfaz a alguém pra se sentir bem. Tem aquela história: “Ah, o vizinho está ruim da vida. Graças a Deus”. Parece assim. Nós vivemos em uma sociedade em que a notícia ruim dá ibope.


OP – Como você se sente noticiando isso?
Nonato – Meio estranho. Eu que já trabalhei em todas as editorias do jornal e nunca quis, sempre me afastei da editoria policial, “ah, não gosto disso, não”. Quando Tancredo Carvalho me chama, eu estava no Vida & Arte, e digo “só não quero o Barra Pesada”.


OP – E por que aceitou?
Nonato – Por uma mudança de atitude que, às vezes, eu conto nas minhas conversas, nas minhas palestras. É uma história muito longa.


OP – Tem um tom espiritualista.
Nonato – É, foi uma amiga minha de fora que me anunciou. “Nonato, você vai trabalhar em televisão”. E eu: “Que nada, não gosto de televisão”. Era uma amiga espírita. “Vai haver uma grande mudança na Terra que vai precisar de pessoas ligadas a informação para atuar em uma rede de informação em que não seja preciso ampliar ainda mais a grande tragédia da humanidade. Vamos passar por momentos difíceis, a violência vai duplicar.” Tudo o que hoje está acontecendo pra mim não é novidade.


OP – E ela disse isso quando?
Nonato – Antes do Barra Pesada, seis meses antes. Tanto que, dois meses depois que eu fui chamado, fui chamado para a TV Cidade fazer um programa de notícia. Eu, Miguel Macêdo, Dílson Pinheiro, era uma equipe para um show de entretenimento. Era uma equipe fantástica que ia trabalhar. Achei o projeto fabuloso. E faltando pouco tempo, chegou uma informação: “Não, nós vamos mudar”. Já havia matéria gravada, quadro de humor e tudo. “O programa vai mudar, vai ter outro perfil, vamos precisar divulgar o nome de uma figura que vai entrar na política”. Era o Cambraia. E esse programa ia ter um tom político. Dos 10 que estavam na produção, os 11 saíram. E eu também não queria nada com política. Até hoje, eu sou avesso a política partidária. Se eu não uso o meio de comunicação como trampolim, também não vou servir de trampolim para ninguém. Telefonei para ela (a amiga) e disse: “Minha amiga, você errou. Quem lhe anunciou esse presságio, que eu ia pra televisão, gorou”. E ela: “Olha, não sei qual é o projeto, não. Mas não era esse. É um programa policial”. Novamente, em silêncio, eu disse: “Deus me livre do Barra” (risos). E a língua paga.


OP – Mas você se arrepende?
Nonato - Não, não.


OP – Sua formação ideológica, princípios e valores não vão no contrário do que o Barra mostra?
Nonato – Todo mundo vê assim, mas há coisas que a gente nem acredita. É preciso que haja dores para que haja necessidade da busca. É preciso que haja o fogo para que haja a presença humana em debelá-lo. É preciso que haja um grito de dor para que alguém socorra. Não é que eu esteja sendo assim, o salvador, um curador, o Silvester Stallone, “eu sou a cura, eu tenho a cura”. Não, de maneira nenhuma. Eu estou em um propósito que eu já me identifico do meu encaminhamento de fazer esse programa fugindo do que já caiu no policialesco. Mas ele presta um grande serviço social quando passa a tratar da comunidade. O serviço comunitário de ir aos bairros, verificar demandas, cobrar, fazer as reivindicações populares.


OP – O jornalismo de serviço.
Nonato – O jornalismo de serviço, que é o que eu faço no rádio. Então, se eu pudesse fazer na TV o jornalismo do rádio, seria muito mais conveniente. Mas tudo é etapa que um dia vai chegar. Um dia, tenho a certeza de que não vamos precisar divulgar tanto a dor quando já existirem oportunas chances de dar às pessoas as formas de elas se arregimentarem e procurarem os seus caminhos e os seus encaminhamentos.


OP – Parece que você usa sua ideologia espírita, ou espiritualista, nas reflexões do Barra.
Nonato – Não é propriamente da doutrina. Mas o conhecimento que a gente tem da vida. De que não é uma religião que salva, é uma orientação a partir do encaminhamento. Evangélico, católico, eu absorvo todos. Não faço nem questão de revelar que sou da doutrina tal, porque não considero que nenhuma religião salva. O papel importante de consciência cidadã e ética de alguém é poder transformar a própria sociedade. Se você transforma uma sociedade, é possível que você se transforme. Eu tenho a impressão de que eu consegui, e eu já vi exemplos, tocar a alma de alguém que está equivocada, tomando atitudes equivocadas no meio social. Pra mim, a grandeza do jornalismo já serviu. Nós damos palestras em colégio e o que eu mais vejo são comentários em alusão ao tom policialesco do gênero: “Esse cabra ruim deve morrer, esse elemento”, essas coisas. São atitudes equivocadas que eu evito. Muitas vezes, companheiros que fazem esse tipo de programa introjetam a linguagem policial e esquecem a linguagem jornalística. E até mesmo o respeito humano.


OP – Você humaniza mais o programa, o gênero, então?
Nonato - Dizem. Gostaria que a minha participação pudesse ter mais uma ênfase humanística nessa relação.


OP – Quando lhe chamaram e você aceitou, lembrou-se do que sua amiga havia dito?
Nonato – Me lembrei e telefonei pra ela quando completou 10 anos: “Você diz que é um compromisso meu e, para quem acredita sabe, de vidas anteriores, que eu tenho essa dívida cármica, que é o meu carma, que eu poderia estar em outros lugares e neste momento estou beneficiando a alguém que sou eu mesmo, o maior beneficiado de estar no Barra Pesada sou eu, não é a título de ser vitrine, não é aproveitar para trampolim político. É porque eu estou me resgatando”.


OP – Você já foi convidado a se candidatar?
Nonato - Uma vez, convidado diretamente. “Por que você não vem pro partido?”. Não, não é a minha praia, não. Vou lá ganhar dinheiro para, de repente, estabelecer o que o partido quer e ferir o que eu penso? Não.


OP – E o encanto pelo rádio?
Nonato – Desde pequeno, não era a amplificadora, a mensagem, o recado, a informação que me chamavam a atenção. Era saber. Era como criança que pega um brinquedo eletrônico que abre todinho pra saber como é que funciona. Queria ver no rádio isso, como é que ele funciona. E Deus me deu a oportunidade de ter uma chance, muita sorte. A vida me deu muito mais do que eu merecia. Tanto que eu estou saindo endividado por 10 vidas, talvez. (risos)


OP – Como é sua atuação com a doutrina espírita?
Nonato – Eu coordeno uma reunião do Centro Espírita João, o Evangelista. Fica ali perto do North Shopping, na rua Amadeu Furtado. Na verdade, eu frequento muitos centros, conversando e dou palestras. Eles são tão bondosos que me convidam para conversar com o público a respeito dos temas mais diversos: cristianismo, espiritismo, ética, família, violência. Os colégios me convidam para falar sobre violência e família. E nenhum mistura as coisas. Não há religião em colégio nem eu levo temas do colégio para dentro da doutrina. O que a gente faz é uma abertura de consciência. Eu tenho tão boa vida comigo que me chamam para conversar em igrejas católicas e já até dentro de igreja evangélica, e eu vou com todo o prazer. Quando a gente tiver uma consciência de todo o conjunto de informações religiosas, o conjunto doutrinário de cada uma, você concentrando naquilo que é importante, não é preciso você ser fanático de uma religião. Mas utilize o conhecimento do Cristo, a sabedoria de Buda, a fantástica concepção de mundo que tinha Confúcio, aprenda com toda a grandeza de um Francisco de Assis, da madre Teresa, da bonomia de um Chico Xavier, da grandeza de um João Paulo II. Você, tendo todos esses modelos, esses avatares da religião, acho que você muda a sua persona. Vai colocando um pouco de luz de cada ensinamento desses e você vai construindo uma atitude cidadã. E não é que eu seja santo, não.


OP – Você tem uma intuição bem desenvolvida também?
Nonato – Mediunidade? Paranormalidade? Não. Tenho nada. Tenho algumas intuições que me vêm e, quando passa, eu digo: “Eu tinha visto isso, pensado isso, sonhado com isso”. Mas não sei fazer a leitura, não. Ainda sou muito pequeno.


OP – O Nonato da rádio é diferente do Nonato da TV e da internet?
Nonato – Tem a linguagem de cada um. Rádio e televisão se aproximam mais ou menos. A linguagem do blog é muito mais ampliada, muito mais plural, embora o Gente de Mídia (blog) esteja muito mais ligado às pessoas, aos bastidores e às questões da web e da blogosfera; na verdade, e um pouco também de mim. Tem um blog, o Bangalô das Nuvens, que eu comecei para contar as experiências “místicas”, aspas, dez aspas aqui. Os sonhos, de insights que, de repente, aparecem na minha vida.


OP – Por exemplo?
Nonato – Eu tenho um grande exemplo. Eu estava na Rádio O POVO, ainda na avenida Aguanambi, e estava fazendo o programa de manhãzinha. Tinha um cidadão sentado, calado. E as pessoas iam para o estúdio assistir. Nesse dia, só tinha ele, cabisbaixo, desatento ao que estava acontecendo na programação, com um olhar perdido no estúdio. E eu, enquanto anunciei uma música, passei por ele e disse: “Não se preocupe, não. Você vai mudar. Não pense em fazer isso que você está pensando, não”. Mas eu disse de brincadeira. Como quem diz: “Menino, tu tá triste por quê? Vai melhorar”. E ele olhou pra mim: “Muito obrigado. Era isso que eu vim ouvir”. Dez anos depois, aquele jovem se encontra comigo e disse: “Você nem se lembra quem sou eu”. E eu: “Não”. “Você lembra o dia em que eu estive na Rádio O POVO, sozinho no estúdio, você passou por mim e falou? Eu ia me suicidar naquele dia”. (A entrevista é interrompida, porque Nonato para e começa a chorar.)


OP – O que fica de lição?
Nonato – Essa figura me emociona até hoje. Já faz tempo. É bom, porque é anônima, sabe? Não tem ligação. A gente tinha uma visita às delegacias e, um dia, nas orações de grupo, um jovem deu um depoimento que não falava de mim, mas contava a grandeza que deu a ele ouvir um comentário do Barra Pesada. E eu disse: “Puxa vida. Se eu pensasse em abandonar isso, ouvindo exemplos assim, eu poderia estar me traindo também numa coisa que nem foi escrita por mim”. Eu não vim pedir esse emprego. Tenho a convicção de que foi encaminhado. Poderia estar escrevendo em jornal, que adoro escrever, sempre evitando trabalhar em área policial. Mas a língua paga.


OP – O impresso, então, não encanta tanto você quanto o rádio?
Nonato – Me encanta ainda porque gosto de escrever. Um dia ainda vou relatar isso.


OP – Vai escrever um livro?
Nonato – Tenho preparado até o título, que é retirado de um poema do Jáder de Carvalho. Vou dizer aqui e, se alguém copiar e botar num livro, eu cobro os direitos autorais depois: “Todo mar azul nunca esconde tempestade”. Que tem a ver com tudo isso que falei. Não posso reclamar da vida. Dessa vida, nadinha.


OP – Qual é o desafio agora?
Nonato – Quando eu me aposentar de vez mesmo, se a vida me der oportunidade de permanecer aqui mais tempo, pretendo ficar escrevendo. Gostaria de ter um trabalho social. Na minha velhice, estar sempre atuando na parte social, seja com os meus queridos irmãos de Redenção, com quem eu tenho um trabalho junto aos grupos dos quais a gente faz parte, ou qualquer canto. Não gostaria de ficar parado em casa, não.


Entrevista concedida à Jornalista Daniela Nogueira


Participando do Programa Um contra Cem de Roberto Justus

Pouca gente sabe, mas Nonato integra grupo que leva o amor, a solidariedade e a prestação de serviço a tantos desvalidos.






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9 comentários:

  1. Sinceramente não consigo entender como uma pessoa que se diz espírita apresenta um programa sobre crimes?ou seja,vive as custas da desgraça alheia.

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    1. quando vc assistir vai perceber a diferença, ele prega a razão e humanidade onde precisa, parabéns Nonato pode nos ensinar muito.

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    2. Pessoas que assistem o cidade 190, e o programa do Datena, não sabem o significado da palavra imparcialidade.
      O Nonato comunica, passa a informação e não sai por aí dizendo que "bandido bom é bandido morto", a diferença tá aí.

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  2. ei anônimo .. Jesus também andava no meio das desgraças alheias .. para doutrinar. é no meio das desgraças que deverá ter uma palavra de reflexão.

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  3. O Nonato é uma grande personalidade parabéns!

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  4. Nonato, ser de luz que tem como desafio diário, uma Barra Pesada, sua sapiência e serenidade refletem no quanto um ser sábio pode transformar cenas violentas de vivencias diárias em informações que nos levam a reflexão.

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  5. Em minha singela condição de telespectadora, tenho acompanhado e admirado este homem sábio e íntegro, homem este que tem demonstrado em seu caminhar o compromisso com o esclarecer dos fatos e a reflexão diária da nossa condição humana. Admiro-te demais Nonato Albuquerque. Parabéns por ocupar neste plano uma condição tão iluminada.

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  6. Desde bem pequeno eu já o via na TV. Meu avô todo dia assistia ao Barra Pesada, e como ele morava ao lado da minha casa, eu acaba sempre vendo com ele. Uns 13 anos depois eu tive a oportunidade e a honra de conhecer o Nonato pessoalmente. Uma pessoa grandiosa, maravilhosa, humilde, paciente. Um ser de luz, que tem tudo pra se tornar de muita luz. Quanto ao comentário de um dos anônimos, não creio que tenha lido toda a entrevista. Ele informou que o programa era uma missão dele na terra. Tanto que ele não apresenta o programa. Ele humaniza o programa. Bem diferentes de outros apresentadores de outros programas locais.

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  7. Nonato trabalhou também na TV Ceará, antiga TV Educativa por duas vezes: uma quando ainda era TV Educativa, apresentando a aula integrada que era uma aula introdutória dos conteúdos que os alunos iriam ver naquele dia. Depois já TV Ceará quando atuou na redação do jornalismo da empresa. Profissional competentíssimo e pessoa ímpar.

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