Assim como no blog Fortaleza Nobre, vou focar no resgate do passado do nosso Ceará.
Agora, não será só Fortaleza, mas todas as cidades do nosso estado serão visitadas! Embarque você também, vamos viajar rumo ao passado!

O nome Ceará significa, literalmente, canto da Jandaia. Segundo o escritor José de Alencar, Ceará é nome composto de cemo - cantar forte, clamar, e ara - pequena arara ou periquito (em língua indígena). Há também teorias de que o nome do estado derivaria de Siriará, referência aos caranguejos do litoral.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Florinda Bolkan - Uma história de vida



Em 15 de fevereiro de 1941, nascia em Uruburetama no Ceará, a atriz Ítalo-brasileira Florinda Soares Bulcão, ou melhor, Florinda Bolkan como passou a ser conhecida quando entrou para o mundo do cinema. Filha do deputado José Pedro e da dona de casa de ascendência índigena, Maria Hosana. Florinda tinha apenas 14 anos quando começou a trabalhar como secretária. Nunca abandonou os estudos e aos 18 anos já tinha diploma de línguas estrangeiras (inglês e francês).


Florinda e os irmãos

Sr. José Pedro

Sra. Maria Hosana  

Casa onde nasceu Florinda em Uruburetama - Crédito da foto: George Freitas



Florinda Soares Bulcão nasceu em Uruburetama, no Estado do Ceará, Nordeste do Brasil. Seu pai, José Pedro Soares Bulcão, tinha mais de 60 anos naquele tempo. Viúvo, poeta e deputado de seu Estado. Casou-se com uma moça de 18 anos, de sangue indígena, Maria Hosana, que mal sabia escrever, e que lhe deu três filhos maravilhosos: Alina, José Maria e a mais nova Florinda. Era muito pequena quando seu pai faleceu, mas a existência e a morte daquele homem influenciaram fortemente a sua vida: a inteligência e a cultura daquele pai e o seu nobre exemplo exerceram forte fascínio em Florinda, e foram também uma espécie de fixação permanente de que devesse seguir aquele estilo de vida. Embora Soares Bulcão tenha deixado a sua viúva e as crianças em boa situação, poucos anos depois a mãe casou-se novamente, e a família foi viver no Rio de Janeiro, onde Florinda, que então tinha somente 14 anos, começou a trabalhar como secretária. Do segundo casamento da mãe, Sra. Hosana, nasceram Odete e Sonia Ribeiro. Aqueles anos foram extremamente duros, mas Florinda nunca abandonou os estudos e, aos 18 anos obteve o diploma em línguas; de fato, falava fluentemente inglês e francês, tanto como o português. Depois de vários tipos de trabalho, conquistou uma boa posição como “Executive Hostess” pela “Varig Airlines”. Nessa mesma ocasião noivou oficialmente com um ilustre senhor Polacco, porém o casamento não fazia parte dos seus sonhos. Florinda cresceu com um senso de liberdade inato, e a sua curiosidade e o desejo de conhecer o mundo, levaram-na a optar por uma vida aventurosa e menos protegida do que aquela que vivia no Brasil. Em 1963, em companhia de amigos, partiu para visitar Londres e Paris, que tinham ficado no seu coração, em uma viagem feita à Europa, Paris, em particular, tornou-se a sua meta preferida, onde de fato ficou morando por dois anos. Em diversas ocasiões recebeu propostas para trabalhar como modelo mas, devido ao seu caráter introvertido, não se achava apta para este trabalho. Ainda em Paris, freqüentou um curso de Francês na “Sorbone” e um de História da Arte no “Museu do Louvre”. Não encontrando uma forma de vida estável, decidiu voltar ao Brasil.

Em 1967, convidada por amigos italianos, encontrou em Roma, o famoso diretor italiano Luchino Visconti, que a convenceu a vencer sua timidez e tornar-se atriz. Visconti conseguiu persuadi-la a realizar um belíssimo teste de fotogenia que durou três dias, e a partir daí conseguiu, de imediato, uma participação no seu primeiro filme. Foi logo escolhida para participar em um filme com Jean-Louis Trintignant e Robert Hossein em Paris, que se chamava “Voleur de crimes”. Logo depois foi-lhe oferecido um papel no filme “Candy in Rome” ao lado de Richard Burton e Marlon Brando, seguido ainda de um outro filme de Visconti “La caduta degli Dei”, com Helmut Berger, Ingrid Thulin e Dirk Bogarde. Nos meses seguintes, Florinda Bulcão desde então chamada Florinda Bolkan, trabalhou em diversos filmes que lhe renderam fama tão grande ao ponto de tornar-se o mais extraordinário talento na Europa




Em 1968 – “Metti una sera a cena”, com Jean Louis Trintignant, Annie Girardot e Tony Musante, obtém o seu primeiro prêmio “Donatello” (O Oscar italiano), assim conseguindo o status de verdadeira estrela. Em 1969 – “Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto” conquista um prêmio no Festival de Cannes e o Oscar em Hollywood. Em 1970 – “Anonimo Veneziano” tornou-se o filme mais visto daquele ano, ofertando-lhe indelével marca do sucesso. Florinda conquista o seu segundo prêmio “Donatello” e todos os outros prêmios italianos. – Tornou-se a nº1 na Itália, como atriz de papéis dramáticos e românticos. Nos anos entre 1970 e 1975 Florinda Bolkan representou em mais de 20 filmes, com alguns dos mais importantes diretores e atores do mundo. Seguem alguns títulos: Nos Estados Unidos: “The last valley” de James Clavell, com Michael Caine e Omar Shariff. Na França: “Le mouton enragè” de Michel Deville, com Jean Louis Trintignant, Rommy Schneider e Jane Birkin. Na Inglaterra: “Royal Flash” de Richard Lester com Malcolm Mc Dowell, Alan Bates, Oliver Reed. Na Etiópia: “Assassinato em Sarayevo” de Velko Bulajich com Christopher Plummer. Na Itália: “Um uomo da rispettare” de Michele Lupo com Kirk Douglas e Giuliano Gemma. “Flavia” de Gianfranco Mingozzi, com Maria Casares. “Cari genitori” de Enrico Maria Salerno com Maria Schneider e Catherine Spaak. Conquista, nos Estados Unidos, o prêmio de Melhor Atriz , recebido da “Los Angeles Film Critics” além de uma possível indicação ao Oscar. Os estúdios de Hollywood começaram a chamá-la, para lançá-la nos filmes americanos. Mas acotovelar-se com as ambiciosas estrelas de Hollywood não era a jogada dela. Recitou em “The word” com David Janssen para a CBS TV, mas sentia-se muito infeliz com o tipo de vida e os valores de Beverly Hills.


4115358_061019florindaFlorinda caiu em uma grande crise de identidade, e decidiu-se pela experiência de viver uma “vida normal” e de fazer coisas que nunca tinha tido tempo de fazer, esquecendo as pressões a que fora forçada durante muito tempo. Começou a viajar, construir casas, vendê-las, plantar árvores, praticar esportes, sobretudo montar os seus adorados cavalos, mas também velejar, voar, esquiar e jogar tênis. Ser uma mulher ociosa não era a sua resposta à vida. Depois de quatro anos era importante trabalhar de novo. Assim , em uma nova casa de campo nas proximidades de Roma, ficou contente ao constatar que ninguém a havia esquecido. Tornou a recitar em um par das comédias italianas, e gravou o mais popular seriado de TV, já realizado nesse país. “La piovra” nº 1 e nº 2, que bateu todos os recordes de audiência e a celebrizou entre a nova geração de jovens, como aconteceu 15 anos antes com “Anonimo Veneziano”. Alem do mais conquistou todos os prêmios para a TV do ano de 1986. Não satisfeita com as passadas de glória, e procurando alguma coisa entusiasmadamente, Florinda decidiu que, um verdadeiro ator tem que demonstrar o seu talento no teatro. No inverno de 1984 recitou, em italiano, com Michele Placido, na comédia “Metti una sera a cena”, com o mesmo diretor que, anos antes, tinha rodado o filme. 

A comédia foi um sucesso incrível que tornou-se a mais solicitada, pelos aficionados, ópera teatral daquele ano. Florinda era a primeira atriz que, com um sotaque estrangeiro, divertia o público dos mais antigos teatros italianos! Em 1985-86. em uma tendência mais clássica, sob a direção de Giuseppe Patroni Griffi, Florinda Bolkan interpretou Yelena Andreyevna, personagem da comédia de CekovZio Vania”. Provou definitivamente ser, profissionalmente, do nível dos grandes atores, e conquistou a estima e os aplausos do público e da crítica. Em 1986-87 fez parte do elenco de Michael Hoffman, no filme “Sisters”, rodado no Canadá e produzido por Robert Redford, pela MGM.


Gian Maria Volonté e Florinda Bolkan
Em 1991-92, prosseguindo sua busca por novas metas e sendo uma pessoa de bom gosto, Florinda lança seu primeiro livro de bolso intitulado “Vi invito a tavola”, editado na Itália, pela Mondadori. O mesmo livro é publicado no Brasil com o nome “A mesa com Florinda”, Edições Maltese. Em 1997, de retorno ao Brasil. roda “Bella Donna” de Fábio Barreto, produzido por Luis Carlos Barreto. Agora, depois de uma carreira de atriz muito interessante, Florinda Bolkan empenhou-se pessoalmente em escrever, produzir e dirigir o seu primeiro filme “Eu não conhecia Tururú”(Io non conoscevo Tururù), inteiramente rodado no Nordeste do Brasil, o lugar onde ela nasceu. Além disso, no Brasil, abriu uma casa de Produções Cinematográficas e Edições Musicais sob o nome de “Florinda Bolkan Produções”. 





O seu site na internet www.florindabolkan.com é, atualmente, visitado por muitos fãs e muitas pessoas com as quais inicia colaboração artística. Depois de 30 anos da estréia do seu primeiro filme, Florinda Bolkan é uma das atrizes mais amadas da sua geração, reconhecida em qualquer lugar pelo seu talento e sua “perene” beleza. É também um exemplo de elegância e discrição. Um exemplo a seguir.


Florinda Bolkan-foto1sm


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As irmãs: Sônia Bogner, Odete Brussolo, Alina Bulcão, a mãe Hosana e Florinda

Trabalhos como atriz:

2006 - 
La notte breve
2004 - Shedding the Skin 
2003 - Cattive inclinazioni
2002 - Eu Não Conhecia Tururu
1998 - Bela Donna
1995 - La Strana storia di Olga O.
1995 - Le Dernier des Pharaons
1994 - Delitto passionale
1991 - Miliardi
1988 - Some Girls
1988 - Prisoner of Rio
1986 - La Gabbia
1983 - Legati da tenera amicizia
1983 - Acqua e sapone
1978 - Manaos
1978 - La Settima donna
1977 - Terrore
1976 - Il Comune senso del pudore
1975 - Sarajevski atentat
1975 - Royal Flash
1974 - Le Orme
1974 - Flavia, la monaca musulmana
1974 - Le Mouton enragé 
1973 - Un Breve vacanza
1973 - Cari genitori
1972 - Un Uomo da rispettare
1972 - Non si sevizia un paperino
1972 - Le Droit d'aimer
1971 - Incontro 
1971 - Una Lucertola con la pelle di donna 
1971 - The Last Valley
1970 - Anonimo veneziano
1970 - Una Stagione all'inferno
1970 - Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto
1970 - E venne il giorno dei limoni neri
1969 - La Caduta degli dei 
1969 - Un Detective
1969 - Le Voleur de crimes
1969 - Metti una sera a cena
1968 - Una Ragazza piuttosto complicata
1968 - Candy
1968 - Intoccabili, Gli

Como Diretora:

2002 - Eu Não Conhecia Tururu


Florinda Bolkan marcou para sempre o brilho da beleza cearense nas telas do mundo todo. Seu lugar de destaque para sempre estará no panteão das grandes divas do cinema internacional.


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Reportagem da ISTO É GENTE: 

Florinda filma o Ceará


A atriz Florinda Bolkan, que estrelou 50 filmes na Itália, escolhe sua terra natal como cenário de sua primeira experiência como diretora de cinema.

Edison Vara
“Eu quis mostrar o Ceará moderno, que recebe gente do mundo inteiro”,
diz Florinda Bolkan
Em 1967, o cineasta italiano Luchino Visconti conheceu uma jovem brasileira, tirou uma foto dela e disse: “Com esse rosto, é loucura você não fazer cinema”. Três dias depois, ela deixou para trás o sonho de ser aeromoça para atuar ao lado de Marlon Brandon e Richard Burton no filme Candy, do francês Christian Marquand. Hoje, a fotografia ilustra o site na internet da cearense Florinda Bolkan, que estrelou 50 filmes na Itália, onde mora há 33 anos. Ela esteve no 28º Festival de Cinema de Gramado, em junho, acompanhando o desempenho de Eu Não Conhecia Tururu, seu primeiro trabalho como diretora.
Nascida em Uruburetama, cidade na serra cearense vizinha a Tururu, a menina Florinda Bulcão tinha uma vida confortável. O pai, José Pedro Soares Bulcão, foi deputado estadual duas vezes e a mãe, Maria Hosana, era proprietária rural. A atriz tem pouco em comum e até se incomoda com a imagem de miséria que costuma ser associada a sua terra natal. “No filme quis mostrar o Ceará moderno, que recebe gente do mundo inteiro”, explica.
Se o filme de Florinda fosse sobre sua carreira, não faltaria enredo. “Depois de 30 anos, contaria histórias sensacionais, mas quis fazer sobre o Ceará.” A atriz costumava aparecer em manchetes dos tablóides, que lhe atribuíam numerosos casos de amor. Além dos filmes, protagonizou discussões com diretores e colegas. Mas não esconde que aprendeu muito com quem trabalhou. De Vittorio De Sicca, o espírito de brincar com a tragédia, de Luchino Visconti, o amor pela música clássica. “É como se te botassem na corte de Luís 14. Você acabaria saindo de lá com um certo conhecimento do que é elegância.”
Vivendo em Braccano, a 50 quilômetros de Roma, ela não pensa em morar no Brasil. Mas não corta os laços com o seu Estado. Além da casa em Fortaleza, a atriz tem propriedade na Praia de Quixaba, perto de Canoa Quebrada, no Ceará. “É o melhor forró do mundo, e adoro dançar.


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 Observação de Odete Maria Ribeiro Brussolo:


Maria Hosana Ribeiro, filha de Izabel Alves de Souza de Oliveira e Luiz de Guimarães não era descendente de índios; o sobrenome Ribeiro, deve-se que a mesma faleceu viúva de José Rodrigues Ribeiro Filho.

Observação pessoal:


Estranho que no site oficial de Florinda Bolkan consta: "Casou-se com uma moça de 18 anos, de sangue índio..."


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Trabalho no Brasil:


Abertura da minissérie A Rainha da Vida da extinta Rede Manchete


Cena curta (e rara) de Florinda Bolkan e Fagner na minissérie da rede Manchete. 




Créditos: Site Oficial, Youtube e pesquisas na internet