Assim como no blog Fortaleza Nobre, vou focar no resgate do passado do nosso Ceará.
Agora, não será só Fortaleza, mas todas as cidades do nosso estado serão visitadas! Embarque você também, vamos viajar rumo ao passado!

O nome Ceará significa, literalmente, canto da Jandaia. Segundo o escritor José de Alencar, Ceará é nome composto de cemo - cantar forte, clamar, e ara - pequena arara ou periquito (em língua indígena). Há também teorias de que o nome do estado derivaria de Siriará, referência aos caranguejos do litoral.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Francisco de Paula Pessoa


Senador Paula Pessoa, o Senador dos Bois, nascido em Granja-Ceará; irmão do revolucionário João de Andrade Pessoa Anta, fuzilado no Passeio Público em Fortaleza em 1824

Francisco de Paula Pessoa nasceu em Granja no dia 24 de março de 1795, filho do capitão-mor Tomás Antônio Pessoa de Andrade e de Francisca de Brito Pessoa de Andrade (de Jesus Mota quando solteira), parenta do escritor José Agostinho de Macedo. Seu irmão mais velho foi o insurrecto João de Andrade Pessoa Anta, que participou da Confederação do Equador.
Por ter sido comboieiro, era conhecido popularmente como senador dos bois.

Negociante, a princípio na terra natal, e depois em Sobral, para onde se mudou em 1819, foi sargento-mor e capitão-mor das antigas ordenanças dessa última localidade. O insucesso da Confederação do Equador fê-lo perder parte dos seus haveres, para restituição dos quais se transportou ao Rio de Janeiro em 1826. Foi então que se pôs em contato com pessoas influentes da Corte, que muito lhe aproveitaram posteriormente. De volta a Sobral, foi eleito presidente da Câmara, membro do Conselho Geral, coronel comandante da Guarda Nacional local, e mais de uma vez vice-presidente da Província.

Em 1848, na eleição para preenchimento de duas vagas no Senado, foi um dos mais votados e escolhido por Carta Imperial de 23 de dezembro do dito ano. Problemas de saúde, porém, fizeram-no deixar de frequentar o Senado desde 1864.

Conta-se que, quando jovem, Paula Pessoa pediu a Maria, mãe de Jesus, a quem tinha por madrinha, a graça de ferrar dois mil bois por ano, ser senador do Império e viver oitenta anos, objetivos que cumpriu ao longo de sua vida. No seu 80º aniversário, ele se apresentou diante da imagem da santa e disse: "Minha madrinha, pedi para ferrar dois mil bezerros por ano e o consegui. Para ser escolhido senador do Império e fui. Agora oitenta anos é tão pouquinho." E assim foi-lhe cedido mais quatro anos. Os restos mortais do senador Paula repousam atualmente na Catedral de Sobral.

Foi deputado provincial e senador do Império do Brasil de 1849a 1879.

Casou-se, em 16 de maio de 1827, com Francisca Maria Carolina (1807 - 1851), filha do Cel. Vicente Alves da Fonseca e de Geracina Isabel de Mesquita, com quem teve:
Vicente Alves de Paula Pessoa (1828 - 1889), senador do Império e jurista;
Antônia Geracina de Paula Pessoa (1832 - 1907), esposa de José Antônio de Figueiredo;
Tomás Antônio de Paula Pessoa (1834 - 1901), magistrado;
Francisco de Paula Pessoa Filho (1836 - 1879), médico e deputado geral;
Maria Luísa de Paula Pessoa (1839 - 1910), esposa de Antônio Joaquim Rodrigues Júnior;
Francisca Maria Carolina de Paula Pessoa (1841 - c. 1870), esposa de João de Albuquerque Rodrigues.

Além destes, Paula Pessoa foi pai (com Maria Francisca) de Leocádio de Andrade Pessoa, nascido em 1824, desembargador do Tribunal da Relação da antiga Província do Maranhão.
                                                                                                                                                        

Mandatos

  • Deputado provincial - 1835 a 1837
  • Senador - 1850 a 1879

Faleceu em Sobral no dia 16 de julho de 1879.

Saiba mais:

A vida de Francisco de Paula Pessoa não foi fácil. Foi duríssima, de começo. [...]. Quando já enriquecido pelo trabalho, os bens lhe são confiscados. O irmão, João de Andrade Pessoa Anta, um dos cabeças da revolução de 1824, é fuzilado no Passeio Público, em Fortaleza, juntamente com o Padre Mororó e outros republicanos.

No municipio de Santa Quitéria, sede do clã, situou o Senador Paula o maior número das suas grandes fazendas de gado e isto ainda mais fixou a sua presença no seio dos parentes afins, estreitando os laços de convivência e de solidariedade.

Da probidade de Francisco de Paula Pessoa, conta-se que, ainda quando comerciante em Sobral, numa das viagens que sempre fazia ao Recife, onde se provia de mercadorias para a sua casa de comércio, ajustou [...] a compra, por quarenta e dois contos de réis, de [...] numerosas fazendas de gados [...] espalhadas pelas ribeiras do Groairas, Macacos, Mundaú, Aracatiaçu e Coreaú, numa extensão de muitas léguas.

A compra dessas grandes áreas de terras, nas quais se incluíam centenas de cabeças de gados, escravos e benfeitorias, aumentou consideravelmente os cabedais de Paula Pessoa [...].

Francisco de Paula Pessoa começou a negociar aos quinze anos de idade, com recursos próprios, depois de sair do teto paterno [...] tendo se estabelecido, aos vinte e quatro anos, em 1819, na cidade de Sobral, onde se fez comerciante em grosso. [...] Sobral lhe daria reputação sólida e os títulos políticos a que já aludimos.

...Prossegue na sua ascensão e presta serviços relevantes à ordem na repressão aos Balaios. Foi mais uma vez, um dos Vice-Presidentes do Ceará e, em 1848 [...] foi escolhido Senador do Império [...].

Em 1864, com a saúde debilitada, o Senador já não pôde comparecer ao Rio de Janeiro para tomar parte nos trabalhos [...]. 


Francisco de Paula Pessoa era Primo da Mulher de Thomaz Pompeu de Souza Brasil.

Era amigo íntimo do Senador Padre José Martiniano de Alencar e seu correligionário fiel. Ao primo da sua mulher, o Senador Thomaz Pompeu de Souza Brasil, passaria o comando do Partido Liberal na Província. A escolha de Pompeu para o Senado do império , em 1864, foi obra de Francisco de Paula pessoa, que tinha pelo parente afim e amigo dedicado a maior afeição.

Um filho do Senador, Vicente Alves de Paula Pessoa, sentaria também numa das cadeiras do Senado da Monarquia.



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Fontes: Wikipédia, Macêdo, Nertan. O clã de Santa Quitéria. Rio de Janeiro: Editora Renes, 1967.