Assim como no blog Fortaleza Nobre, vou focar no resgate do passado do nosso Ceará.
Agora, não será só Fortaleza, mas todas as cidades do nosso estado serão visitadas! Embarque você também, vamos viajar rumo ao passado!

O nome Ceará significa, literalmente, canto da Jandaia. Segundo o escritor José de Alencar, Ceará é nome composto de cemo - cantar forte, clamar, e ara - pequena arara ou periquito (em língua indígena). Há também teorias de que o nome do estado derivaria de Siriará, referência aos caranguejos do litoral.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Raízes do Coronelismo no Brasil e a revolução de 30




A pedido de Padre Cícero Romão Batista, primeiro Prefeito de Juazeiro do Norte (na verdade ele foi intendente-nomeado), reúnem-se nesta cidade, em outubro de 1911, chefes políticos de 17 Municípios do Ceará, para instituírem o que ficaria conhecido como o “Pacto dos Coronéis”.
Visava o referido pacto além de outros objetivos os de dar sustentação política no estado ao homem considerado o “dono do Ceará”, Antonio Pinto Nogueira Acióli.

Desse encontro resultou o episódio conhecido como sedição de Juazeiro, quando os Jagunços de Floro Bartolomeu (Braço Militar de Padre Cícero), invadem Fortaleza em 14 de março de 1914 e derrubam o Presidente do Estado, instituído pela política das Salvações, Coronel Marcos Franco Rabelo.

Fora justamente para fazer contra-ponto ao poder dos “Coronéis”, principalmente no Nordeste (e habilmente usados pelo senador gaúcho Pinheiro Machado), que o Presidente Hermes da Fonseca instituiu a “Política das Salvações”, que consistia na troca de comando nos estados, de velhos oligarcas por indicados pelo Presidente.

Na década de 30, dos 1800, o então ministro da Justiça, Padre Diogo Antônio Feijó criou a “Guarda Nacional”; para manter a ordem no país, defender o latifúndio e a monarquia escravista. Formada principalmente por membros da elite agrária, tendo sua maior patente de comando a de “Coronel”. Devido o preço das patentes vendidas pelo governo ser muito alto, só os grandes fazendeiros podiam comprar, e consequentemente ser considerados, “Coronéis”.

Isso aumentou o poder dos latifundiários brasileiros, pois lhes dava o direito de ter sob seu comando uma força militar particular. Estava formada assim a base para o coronelismo no Brasil, evidenciado sobremaneira no Nordeste e principalmente durante a República Velha, (1889 – 1930).

 

Crédito da fotomontagem: Educacimba

Em consequência das humilhações dos “Coronéis” imposta ao povo nordestino, alguns migraram para lugares como Belo Monte, mais conhecido como Arraial de Canudos, que em 1893 reunem-se, em volta de Antônio Conselheiro, milhares de nordestinos enfrentando a fúria da recém proclamada República, e a desconfiança da Igreja Católica, (sendo posteriormente dizimados por forças da União), ou se juntavam a bandos armados como os de Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, imortalizado no filme de Ariano Suassuna, o Auto da Compadecida).

Grandes e pequenos latifundiários (donos de terras improdutivas), os “Coronéis” foram auxílio indispensável à manutenção de poder pelas oligarquias, locais, estaduais e federais, quando eles mesmos não se confundiam com tais. Comprometiam-se com a eleição de determinado candidato, usando para angariar favores e vantagens os votos de seu “curral eleitoral”, (os chamados “Votos de Cabresto”, pois os eleitores votavam em quem o seu chefe, o Coronel, mandava, ou assinava a cédula de votação sem saber às vezes nem em quem estava votando).

Quanto ao voto, na primeira constituição brasileira outorgada, (ou imposta ao povo), em março de 1824 estipulava que o voto seria censitário, ou seja, para votar ou ser candidato o cidadão deveria ter determinada renda anual.

Exemplo:

Para votar o “cidadão” teria de ter renda anual de cem mil reis.
Para ser Deputado Federal a renda estipulada era de Quatrocentos mil reis.
Para ser Senador a quantia estipulada era de Oitocentos mil reis.

Já na primeira constituição republicana ficou estabelecido que o voto não mais seria censitário, passando a ser universal. Todo “cidadão” maior de 21 anos podia votar, (excluindo-se mulheres, analfabetos, mendigos...).

Mas, o voto ainda não era secreto, podendo ser, como era ,manipulado pelos “Coronéis”.

Em luta pela hegemonia política do estado da Paraíba encontrava-se o então Presidente do Estado, sobrinho do ex-Presidente da República Epitácio Pessoa, Dr. João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, ao grupo do “Coronel” Pereira Lima, chefe político da Cidade de São José de Princesa. Fato que confirmava o poder dos “coronéis” no sertão do Nordeste e que culminou tragicamente, em 26 de Julho de 1930, no Recife com a morte do Advogado e Presidente do Estado Dr. João Pessoa. Assassinado na confeitaria Glória pelo também advogado simpatizante do “Coronel” Pereira Lima, Dr. João Dantas.

Foi o assassinato de Dr. João Pessoa o estopim da “Revolução de 30”, a qual completa 82 anos, marco divisor na história política do Brasil...

Santana Junior

"Na campanha política de 2012, (prefeitos e vereadores), muito tem se falado de "coronéis", principalmente acusações mútuas entre a maior "oligarquia"do estado hoje: Família Ferreira Gomes e a Prefeita de Fortaleza, Luiziane Lins. Mas, como começou no Brasil a história do coronelismo? Porque foi tão marcante ao ponto de se traçarem paralelos até hoje? Esse é um artigo de autoria nossa, espero que os meus diletos amigos gostem. Dedicatória especial ao Adriano Duarte e a Leila Nobre (Fortaleza Nobre).



Agradeço ao amigo Santana Júnior, texto maravilhoso!



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