Praça Dr. José Saboia, cruzamento da Rua Domingos Olímpio com Avenida Dom José - Arquivo Fotos em Preto e Branco
Ao município que hoje conta com quase 200 mil habitantes, tendo se tornado pólo trabalhista e universitário-nossa querida Sobral (teve seus fundamentos nas terras da antiga Fazenda caiçara), e que se tornou Vila à 05 de julho de 1773, portanto completando 240 anos;(por ordem do Governador de Pernambuco Manuel da Cunha Menezes, em sessão Extraordinária na Câmara Municipal, recebe o lugarejo o nome de Vila Distinta e Real de Sobral).
Durante sua rica história nesses 240 anos não tem somente na Família Ferreira Gomes, (mandatários dos destinos do estado), nem no 'reinado' do Bispo-Conde Dom José Tupinambá da Frota (que queria transformar Sobral na Roma do semi-árido), expoentes máximos.
Considero a fase áurea da História de Sobral ao longo de seus 240 anos as 6 primeiras décadas do século findante;onde debutavam nos palcos do poder estadual, tanto à nível político/econômico/religioso e jurídico figuras como: Engenheiro João Thomé de Saboia e Silva/Desembargador José Moreira da Rocha/Dr. José Saboya de Albuquerque/Dr.Plínio Pompeu de Saboia Magalhães/Francisco de Almeida Monte-Chico Monte/Dom José Tupinambá da Frota e seu poderoso tio D. Jerônimo Thomé da Silva (à época Arcebispo Primaz do Brasil).
Coincidência ou não, mas nesse período encontrava-se em pleno funcionamento o Porto de Camocim e sua extensão beneficiária da elite sobralense, a Estrada de Ferro de Sobral.
ESTRADA DE FERRO DE SOBRAL
Final do século XIX, o Nordeste era assolado por secas arrasadoras (infelizmente isso acontece até hoje), e para diminuir o flagelo que recaíra sobre os sertanejos da Região Norte do Ceará, V. Majestade - o Imperador D. Pedro II manda construir a Estrada de Ferro de Sobral. Transcorria a grande seca que assolou o Ceará em 1877/78.
O Conselho de Estado tendo à frente o Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas - João Lins Vieira e Cansanção e Sinimbu propõe ao governo imperial iniciação de uma linha férrea ligando o Porto de Camocim à Cidade de Sobral, empregando nesse trabalho a população inativa devido à seca. Por Decreto de 01 de junho de 1878, o governo imperial autoriza a construção dessa importante linha férrea. À partir da Estrada de Ferro de Sobral (Camocim-Sobral e Sobral-Ipú), passara a futura 'Princesa do Norte' à usufruir grandemente do movimento do Porto de Camocim; fazendo o escoamento de mercadorias e o tráfego de pessoas, vindas ou com destino ao mercado europeu, em primazia à Fortaleza/Recife e Rio de Janeiro. Segundo Giovanna Saboya - Pró Reitora do curso de História da UVA, a elite sobralense- à essa época-início do século XX, costumava se banquetear com mercadorias vindas do 'velho mundo', em recepções nos seus sobradões de mobiliário europeu. Nas mesas eram encontrados produtos como: salmão, lagosta, camarão americano, cavala francesa, azeite doce, vinhos do Porto, conhaque francês e diversas iguarias.
(Revista Cidade Universitária, Camocim- História de trabalho, lutas e realizações. Pág. 28, parágrafos 32 a 39/pág. 30, parágrafos 8 ao 16.)
O Porto do Mucuripe ainda era um sonho distante alentado em pranchetas de burocratas da capital federal -Rio. Sua efetiva construção veio à ser uma realidade no governo do 'sanguinário-lecista'- interventor federal Professor Menezes Pimentel (A 20 de outubro de 1951), o navio cargueiro"Mormacred", da Cia Moore Mac Curmack Line, inaugura de fato aquele porto marítimo.
(FILHO, Almino Cavalcante Rocha - Cadernos Sobralenses, As Viações, Pág. 21 e 22, parágrafos 4-7).
O assoreamento do Porto de Camocim (evitando que navios de grande calado aportassem), marcou o início da 'decadência' sobralense no cenário político e econômico do estado.
Texto: Santana Júnior
Boa visão e belas palavras!
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