Quando alguém, referindo-se ao Morro do Ouro, tratava-o por favela, conseguia férreo opositor. O professor Lázaro Valter de Oliveira, diretor do antigo Colégio Rio Branco.Na pasta que portava, havia um mapa publicado pela então Superintendência Municipal de Obras e Viação (Sumov), onde figuravam os bairros da Capital. Nele, registrava-se o Morro.
Apesar de não morar exatamente no local, mas próximo da entrada existente na avenida Sargento Hermínio, o mestre considerava-se ali residente e não em Jacarecanga.Num de nossos bons papos, indaguei-lhe o porquê da rica denominação para uma área tão pobre e carente de obras e serviços públicos, naquele final de 1969.
A estação de Soure em 1922. Revista Ilustração Brasileira, 1922
Informou-me que por ali passava a estrada que ia à cidade de Soure (hoje Caucaia) e, à beira, principiou um arruamento. Ouviu dos primeiros moradores duas explicações para a nominação.
Uma, afirmava da existência de um relojoeiro que, além dos serviços da profissão, também consertava pequenas jóias e vendia alianças. Outra, asseverava haver um bodegueiro arrancado botija com mais de duzentas moedas de ouro e quantidade, ainda maior, de prata. Afora o merceeiro, várias pessoas teriam encontrado, igualmente, peças dos ricos minérios..
O disse que disse, rapidamente, ocupou bocas e ouvidos. Gente nova chegando a todo o momento. Até a noite, pois garantem ser o turno apropriado para desenterrar tesouros, braços e ferramentas não paravam.
De tanto cavarem, na busca da fortuna, o solo parecia tábua de pirulitos.
Tais histórias, nascidas e criadas no lendário popular, quando fora dos caminhos do vento, tornam-se causos. Eis, este.
Geraldo Duarte
(Advogado, Administrador e Dicionarista)
Saudade desse cantinho, mas o bom filho a casa torna..rs
ResponderExcluirDelicado seu texto!
Aproveito pra avisar que acabo atualizar a acanhada Narroterapia com o segundo capitulo do conto Sempre Haverá Pássaros, e quero muito seus comentários.
abraços
Fabrício